Vivemos em uma época em que tudo precisa ser rápido: comida pronta em minutos, mensagens que chegam em segundos, resultados imediatos. Nesse ritmo acelerado, muitas pessoas chegam à psicanálise esperando algo parecido: uma técnica que resolva seus conflitos em poucas sessões, quase como um “remédio emocional”. Mas a psicanálise não funciona assim — e justamente aí está a sua força.
Enquanto outras abordagens podem se concentrar em eliminar sintomas, a psicanálise entende que o sintoma fala de algo. Ele é uma mensagem do inconsciente, uma forma de expressão que merece ser escutada. Silenciá-lo às pressas seria como desligar o alarme de incêndio sem verificar se há fogo na casa. O sintoma incomoda, claro, mas também aponta para questões mais profundas que não desaparecem apenas porque queremos que sumam.
O processo analítico respeita o tempo de cada sujeito. O inconsciente não opera na lógica da velocidade e, por isso, a psicanálise não acredita em soluções instantâneas. As mudanças acontecem pouco a pouco, através da fala, das repetições, dos silêncios e até das pausas que parecem não dizer nada. Cada pessoa tem seu próprio ritmo de elaboração e é nesse percurso que algo de verdadeiramente transformador pode surgir.
Prometer uma “cura rápida” pode até trazer alívio imediato, mas geralmente superficial. O que não foi elaborado tende a retornar, e o sujeito se vê novamente diante das mesmas questões, só que de outra forma. A psicanálise não promete milagres, mas oferece um espaço em que a verdade de cada um pode aparecer, abrindo novas possibilidades de lidar com o que antes parecia impossível.
No fim das contas, a psicanálise não aposta na pressa, mas no compromisso: compromisso com a palavra, com a singularidade do sujeito e com o tempo que cada um precisa para atravessar a própria história. Não se trata de apagar sintomas, mas de se transformar no modo de viver e se relacionar consigo mesmo e com os outros. E isso, inevitavelmente, leva tempo.

