Eu havia preparado outro texto para hoje, mas como não sermos atravessados pelas notícias de Donald Trump? Não quero discutir política, e nem poderia, porque essa não é a minha área, tampouco a função deste blog de psicanálise. No entanto, como continuar a nossa semana sabendo que milhares de pessoas estão sendo ´´cassadas“ apenas por fugir de seus perigosos países?
Freud, em seu texto ‘Psicologia das Massas e Análise do Eu’, sugere que líderes com tendências autoritárias podem projetar suas próprias inseguranças internas em políticas externas rígidas. A necessidade de afirmar poder e controle pode ser uma forma de compensar conflitos internos não resolvidos, assim como atribuir aspectos não desejados de si a outros.
No segundo dia de seu segundo mandato, Donald Trump emitiu uma série de ordens executivas que geraram controvérsia e debates acalorados. Entre as ações, destacam-se a retirada dos EUA do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde, a declaração de emergência nacional na fronteira sul para facilitar o envio de tropas, a revogação de proteções para migrantes em áreas ‘sensíveis’, como igrejas e escolas, e tentativas de acabar com a cidadania por nascimento para filhos de imigrantes indocumentados. Ações que excedem nossa capacidade de compreensão e assimilação imediata (e talvez também tardia).
Trazendo para o contexto político, decisões abruptas e impactantes podem funcionar como traumas coletivos, rompendo com expectativas e valores, gerando uma sensação de insegurança e desamparo.
Por outro lado, não podemos nos esquecer de que o comportamento de líderes como Trump reflete não apenas suas próprias dinâmicas internas, mas também tensões e desejos inconscientes presentes na sociedade. Então, como podemos, enquanto coletivo, responder de forma eficaz?
• Compreender nossos próprios impulsos
• Fortalecer de alguma forma a empatia e a conexão
• Incentivar a autonomia de pensamento (raciocínio crítico)
• Promover a consciência coletiva
• Manter a esperança e a criatividade
A psicanálise nos ajuda a compreender as raízes profundas desses comportamentos e nos convida a responder de forma consciente e integrada, priorizando a humanidade e a ética. Mais do que nunca, precisamos nos lembrar de que somos responsáveis pelo mundo que construímos juntos.

