Por que repetimos padrões nas relações?
Você já se perguntou por que acaba sempre se envolvendo com pessoas semelhantes ou vivenciando os mesmos conflitos em suas relações? Esse fenômeno, conhecido na psicanálise como compulsão à repetição, é um dos processos inconscientes mais intrigantes e impactantes na vida emocional.
Freud foi um dos primeiros a descrever esse conceito, observando que algumas pessoas repetem experiências dolorosas ou padrões destrutivos sem perceber. A compulsão à repetição é uma tendência inconsciente de reviver situações familiares, mesmo que sejam prejudiciais. Isso pode ocorrer nos relacionamentos amorosos, nas amizades, no ambiente de trabalho e até na forma como nos enxergamos.
Essa repetição não acontece por acaso, ela está ligada a experiências passadas, muitas vezes originadas na infância. Vivências precoces com figuras parentais ou cuidadores estabelecem modelos afetivos que, mais tarde, influenciam nossas escolhas e expectativas nas relações adultas. Por exemplo, uma pessoa que cresceu em um ambiente onde o afeto era condicionado a desempenhos específicos pode, inconscientemente, buscar parceiros que reforcem essa dinâmica, repetindo a sensação de nunca ser suficiente. Mesmo que conscientemente deseje algo diferente, o inconsciente tende a recriar padrões familiares como uma tentativa de resolução.
Essa ação pode parecer contraditória: por que alguém reviveria algo que causa sofrimento? Na perspectiva psicanalítica, essa repetição é uma tentativa inconsciente de dominar uma experiência mal elaborada. O sujeito retorna ao mesmo tipo de situação com a ilusão de que, dessa vez, conseguirá transformá-la ou encontrar um desfecho diferente. No entanto, sem consciência e elaboração, a repetição se torna apenas um ciclo vicioso.
E como romper com esse ciclo? Através do autoconhecimento, reconhecendo as emoções e analisando o modelo familiar, ou seja, tudo isso conseguimos encontrar quando nos permitimos vivenciar a experiência terapêutica. No setting analítico eu posso viver novas formas de vínculo, favorecendo transformações emocionais. Podendo interromper o ciclo da repetição e construir relações mais saudáveis e autênticas.




